segunda-feira, 15 de julho de 2019

A AVENTURA PODIA TER TORNADO TRÁGICA

A AVENTURA PODIA TER TORNADO TRÁGICA, a atravessar a fronteira Espanha/Portugal
Depois de visitar o monumento a Humberto Delgado, perto de Olivença, o GPS informava que a fronteira para Portugal era ali, pertinho, a 5 km em linha reta, mas pelo meio de gigantescas herdades. Fomos pedalando, mas cada vez que pedalávamos a fronteira ficava sempre mais longe. 8 km feitos, e parei, ,verificando melhor se a fronteira estava por ali, sim, mas sem condições para atravessar, olhando de novo o GPS, verifiquei que um rio mais á frente faria parte da fronteira. Seguimos em direção á mesma, com as bicicletas á mão. O rio tinha pouca água, atravessamos, e verifiquei que já estava em Portugal. Uma grande herdade surgia logo a seguir ao rio, com vacas a circular por um lado e por outro. Um calor abrasador pairava no ar, a 45 graus mais precisamente aquecia-nos o corpo. Era hora de refeição, estávamos a meio da tarde, e uma azinheira perto de nós surgiu com uma aparente frescura, só que antes, já as vacas por lá tinham estado também a aproveitar a sombra, mas a "merda" de vaca era tanta, que já não valia a pena mudar, porque todas estavam suculentas de tanta porcaria, e não tinhamos escolha. Após a refeição, seguimos caminho, mas por onde??? vários cruzamentos e portões existiam demonstrando que seriam várias as herdades. Nós só queríamos chegar á estrada que nos levaria a Amareleja, e tão longe ainda estava, mas as vacas abundavam a nosso lado. A questão, seria, se estávamos a ir pelo caminho certo, pois vários cruzamentos existiam naquele meio. Será que vamos bem? Já estava a ficar tarde, e levava uma tenda comigo, e já calculava acampar por lá, mesmo no meio dos animais. Entretanto, surge outro portão, abrimos e passámos. Fomos ganhando terreno com as bicicletas, entretanto surge mais um portão e avisto o telhado de uma casa que seria a quinta da Herdade. Mas, logo de seguida, 2 toiros bravos cruzam á nossa frente, berrando, e correndo em fugida para um outro local deixando de se avistar. Mais tranquílos, parámos as bicicletas, comemos alguma fruta e água e de repente, surge á nossa esquerda 4 toiros bravos em fila lateral raspando as patas traseiras e berrando á sua maneira preparando-se para se insurgirem direito a nós... íamos com vestimenta vermelha... Digo bem alto, "despimos a roupa vermelha". E meço a distancia para chegar com as bicicletas, junto á azinheira, mas a mesma estava a alguns metros. Talvez não cheguemos a tempo para subir a árvore. Mas os toiros ainda estavam por lá sem avançarem direito a nós. Penso... Será que dá tempo para chegar ao portão de acesso á moradia??? Mas os toiros continuavam ainda por lá a raspar o chão com as patas e a berrar. Vamos tentar avançar até lá... mas de repente, lembrei que numa herdade assim, além de ser privada quase de certeza teria cães. Chegámos ao portão e os toiros continuavam sem avançar, mas, mal abro o portão 2 grandes "bestas" de cães se dirigem a nós, ladrando. Então aí, fomos subindo junto á rede, se eles nos atacassem saltávamos para o outro lado onde estavam os toiros bravos ainda em posição de atacar. Os cães quase a chegar junto a nós, mas ao longe, vejo 2 cabeças, eram 2 pessoas a chamar os cães. Uff, foi a nossa sorte. Chegaram ao pé de nós, os cães e ainda nos lamberam as mãos. "Chissa" e em agradecimento ainda lhes fizemos festas. Chegámos junto das senhoras, admiradas pela nossa presença ali, contámos a nossa aventura, e ainda nos ofereceram garrafas de água, o qual já tinhamos pouca. Citaram que não é normal ataravessar ali a fronteira. Mas eu disse que, ás vezes as nossas "loucuras" dão para isso. Depois, chega o proprietário da herdade (família Grave) estranha também a nossa aventura por ali, mas ainda se disponibilizou para nos levar na sua viatura para a Amareleja. Agradecemos mas... chegar ao final sem ser de bicicleta não tem qualquer interesse, a não ser em caso de avaria ou problema de saúde.
O MEU, MORAL DA HISTÓRIA;
Nunca se deve, ou não devia circular, em especial no Alentejo fora das rotas planeadas ou registadas, porque são herdades grandes demais onde ás vezes não se sabe onde é o principio e o fim com animais de grande porte. Imagine-se que os toiros avançavam... pouco de nós, ou quase nada, provávelmente ficaria intacto, para além de que, os propriétários poderiam suspeitar de dois ciclistas atravessarem a fronteira naquele local, sem caminho... poderiam suspeitar que poderíamos transportar algo de estranho, ou contrabando. Bastou termos a sorte de ser propriedade da família Grave. Fica registado que... nunca é demais... GRANDES AVENTURAS, com regras bem fundamentadas.
JGJ


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