quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Pela antiga linha comboio do Vouga




              PELA ECOPISTA DO VOUGA (antiga linha de comboio)

Um dia, olhei um site sobre as linhas de comboio que haviam sido transformadas em ciclovias. Entre as várias saltou-me á vista, a de Sernadas do Vouga, até Viseu. Copiei, e registei que seria uma próxima oportunidade logo que possível. Dia 5 outubro, coloquei a bicicleta no carro e parti para o norte.  Mais precisamente, Albergaria a Velha. Por aí pernoitei, e após uma bela noite de descanso, 7 km mais á frente, em Sernadas do Vouga, na antiga estação, dava início a mais esta bela aventura... sózinho, mas acompanhado da minha alegria e belo prazer. Boa ciclovia, alcatroada a interiorizar pelo meio das árvoras á beira do rio Vouga. Por aquela hora da manhã, (9 horas) já a temperatura estava nos 18 graus. Iria ser um dos dias mais quentes do ano, tendo em conta o mês em questão. Sempre pedalando, km a km, as paisagens á direita para o rio, eram algo de maravilhoso, dando tempo para parar e observar o rio, que corria e a beleza das cores verdejantes, e outras outonais mais secas. Outras vezes terminava o alcatrão, surgia a terra batida na mesma linha. Levava algum peso quase igual como quando vou para as minhas longas deslocações. Aos cerca de alguns 15 km percorridos senti que pela plenitude da ciclovia já iria algum tempo a esforçar demais nos pedais. Supondo que algo                                              estaria a prender as rodas da bicicleta. Parei para observar que as mesmas não
estavam presas. Estranho, julguei. Mas observei em frente e a ilusão de ótica ali estava presente. As linhas de comboio são sempre planas mas em certos locais possui sempre certas percentagens de subidas ou descidas. Pronto ali, verifiquei que até Oliveira de Frades, cerca de 40 km mais á frente irá ser sempre a subir. Desfeita esta duvida continuei sempre, sendo assim... subindo, e lá mais para a frente a mesma "linha" atravessa os centros de várias aldeias, pequenas, mas históricas e lindas. Quase sempre á beira da linha, as tabernas ou mercearias, e os bancos onde sentavam os mais idosos, talvez comentando quem por ali atravessava, para onde e como ía. Aos cerca de 25 km, um grande silo de centeio ou trigo abandonado, pela evolução dos tempos naquela aldeia já bem para o interior, mas uma pastelaria se abeirava junto do meu caminho. Era tempo de descansar um pouco, pois o calor já começava a apertar bem, e a especialidade da casa eram os pastéis de nata. Nada melhor para colocar um pouco de açucar no sangue e provar aquela delícia especialmente escolhida para mim, por quem estava a atender. Observando a minha presença por estar só, e já longe no interior e a carga, tive de explicar porque ali estava, e o que ía fazer e com que objetivo. Pausa feita, segui meu caminho continuando a parar sempre que a paisagem assim obrigasse para tirar a foto, cada uma sempre diferente da outra. Os nomes das aldeias e as antigas estações recuperadas para
quem por ali passe veja e sinta um pouco como eram. Passar os tuneis que eram tantos que lhes perdi a conta, olhando para cima o verde das plantas a caírem sobre a entrada dos tuneis, no interior os cortes ainda da sua construção talvez e ainda a "picareta". Sempre algo de novo ou de interesse surgia sempre na minha frente. As várias pontes que por ali foram recuperadas em pormenor. Quase a chegar ás Termas de S. Pedro do Sul, outra ponte, talvez a maior, mas ao fim da mesma lá está uma antiga automotora ainda a vapor para que quem passa se aperceba o que por ali existiu ou acontecia a algumas décadas atrás. Quase noite e a chegar ás Termas de São Pedro do Sul, um pouco antes do por do sol o quase cinzento de final de dia misturado com o abundante verde que circula a vila das termas, depois o rio a contrastar com estas cores foi algo que jamais esquecerei, pois estava a admirar esta beleza num bar bem localizado até mesmo ao anoitecer, a brindar o dia comigo próprio com uma cerveja, para juntar o "útil" da paisagem e o "agradável" da cerveja bem fresquinha, ainda com temperatura nos 30 graus. Circular á noite na vila com fontes de luz bem orientadas em certos locais misturadas com a água que escorria, quente, fumegando, as fontes romanas etc. é algo que também jamais esquecerei. Terminado o dia por ali não consegui fazer mais 30 km para frente até chegar a Viseu. "perdi" tanto tempo em paragens para tirar fotos e observar a natureza perfeita... "que não perdi nada", mais uma vez pelo conhecimento que ganhei.  Até Viseu será para uma outra vez, porque bem merece voltar a locais assim para quem gosta ... como Eu, e que aconselho fazer a quem gosta destas aventuras.
JGJ