terça-feira, 23 de maio de 2023

A MINHA AVENTURA EM BICICLETA EM AUTONOMIA DESDE MADRID ATÉ AO SEIXAL (Lourinhã)


A MINHA AVENTURA EM BICICLETA DE AUTONOMIA, DESDE MADRID ATÉ CASA.  911 KM












Quero aqui contar de certa forma mais abreviada o passeio que fiz ou fizemos desde Madrid até mina minha aldeia no Seixal. Poderá ser mais interessante para uns e menos para outros, mas gosto que esses alguns, sintam um pouco do que aqui conto. O prazer de fazer estas aventuras em ciclismo de autonomia. Porque é algo que nos temos de preparar para o fazer. Preparar todos os trajetos por onde passar, ficar e pernoitar. Desde outubro passado que preparo tal aventura para que tudo dê certo. Os locais por onde passei em Portugal e outra grande parte de outros em Espanha, tive de os desenhar á mão, em computador ,através da aplicação que tenho, e depois observar também pelo computador se estará certo, porque a distancia é relativamente grande, e depois pretendo circular sempre com monitoramento ao vivo, com o objetivo que saibam onde estamos em direto, para prevenir qualquer eventualidade, em que saibam onde estamos. Sempre pela segurança acima de tudo. Abaixo, relato talvez o mais interessante da aventura. A mesma pode ser um pouco "massuda", mas é minha intenção, como disse partilhar convosco ou com quem estiver interessado em saber e quiser ler, e ver algumas fotos.





       Dia 30 de abril. Apanhámos o autocarro em Lisboa até Madrid. Chegados ao centro histórico, montámos as bicicletas e zarpámos até ao parque campismo mais a norte da cidade. O GPS nos levou pelas avenidas principais, entre as quais a "calle Alcalá", a mais famosa e longa que atravessa aquela bela cidade, com intenso movimento e lojas abertas. Chegámos ao parque e pernoitámos, montando cada um de nós as pequenas e leves tendas. De manhã, dia 1 de maio circulámos de novo pela Alcalá passando e admirando a praça de touros madrilena. Catedral dos Jerónimos foi onde partimos para o inicio do caminho de Guadalupe, em frente ao museu do Prado, bem nocentro da cidade. Observámos e passeamos pelo jardim e estação de comboio de Atocha em forma de reconhecimento. Não podemos visitar em pormenor pelo facto de não poder abandonar as bicicletas em qualquer lugar. Partimos então, frente á catedral já com o caminho traçado no GPS, em direção ao lado oeste da cidade, onde encontrámos manifestações e muita movimentação de pessoas na rua. Num largo, na plaza mayor, Um Spiderman vestido a rigor, mas barrigudo que nos despertou a atenção. Ouviu os nossos comentários e meteu conversa connosco. Era Português, citou que já por lá estava a alguns anos.
    Saíḿos de Madrid em direção a Mostoles. Cidade no qual havia uma festa local, ao qual algumas pessoas estavam com vestimentas festivas. Procurámos um hotel para pernoitar, mas estavam todos ocupados, assim, não podemos assistir ás festas. Já quase noite, tivemos de seguir em frente e um belo parque. Um grande lago nos surgiu no caminho. Pernoitámos nesse mesmo parque, instalando as tendas num local adequado. De manhã cedo, acordámos com o chilriar das muitas aves que por ali existiam naquele parque, enorme, onde se desfruta a natureza. Não tardou, chegámos a "El Alamo". Uma bela surpresa ao entrar naquele lugar com a feira medieval ativa e grande ao longo de várias ruas. Simplesmente a maior da Europa, a feira, Consta. 42 graus de calor ali, e com cheiros a grelhados, no qual eram imensos, assim como a forma da instalação da feira, e gente, que quase não nos podiamos movimentar. Sandes e cerveja nos alimentámos, para depois continuar, pelo trilho. Aldeias e vilas, mas sempre procurando os caminhos registados no GPS. Muita areia encontrámos no caminho durante largo tempo, levando as pesadas bicicletas á mão, algumas vezes carregados com alimentos para vários dias, também com o peso da roupa, e as tecnologias adaptadas para as várias opções de contratempos. Outras vezes nos cederam espaços de balneários de piscinas, outras em alojamentos que deixavam muito a desejar. Após mais algumas peripécias de tapas menos apetecidas e outras não tanto assim, lá chegámos a Guadalupe, bela cidade com um lindíssimo santuário mais pequeno e um pouco diferente, mas fazendo lembrar Santiago de Compostela. Lindo por dentro, entrando na catedral e vendo a imagem de nossa senhora ao centro e o redondo das paredes com as belas pinturas reproduzidas ao vivo, mantendo um gradeamento em frente ao altar, o qual é aberto na hora das missas. O efeito das grades para proteger os valores por lá guardados. Depois, circular pelas ruas da cidade. Ruas estreitas que quase parecem megaliticas na forma, as pedras a sustentar os edificios. As portas, em madeira grossa, pintadas com cores condizentes com os edificios ornamentados. Alguns com flores, e as ombreiras e janelas arqueadas ao tempo da sua construção. Num dos extremos da rua dá acesso a uma enorme ponte que foi construída no tempo de Franco, (salvo erro nos anos 30) com a finalidade de passar o comboio, o qual nunca chegou a passar, e hoje serve de atração aos turistas e caminheiros que por Ela passam.
    Após repouso num belo hotel no centro, e terminado aqui os caminhos de Guadalupe, lá seguimos em frente, agora em direção a casa. Lembro que antes passámos em Talavera de la Reina, bela cidade banhada pelo rio Tejo, ou Tajo, como dizem os Espanhois. Lindo o Tejo com aquela grandiosidade que o faz chegar a Portugal...a Lisboa com paisagens maravilhosas. Mais tarde passámos o Rio Guadiana, já mais perto das nossas fronteiras jorrando água. Subidas e descidas acentuadas estavam previstas, mas numa bela sombra com uma fonte jorrando água bem fresca da montanha aproveitámos para uma bela refeição naquele local com a temperatura a 42 graus. No momento da partida deste local surge um senhor informando que o local por onde íamos era muito acentuado com imensas subidas e descidas indicado que voltando atrás e apanhando outra estrada seria sempre uma reta durante cerca de 30 km. Agradado com a informação, até lhe disse que foi Deus que ali chegou com tal informaçao. Assim, fizemos 30 km numa reta sempre plana e com a temperatura sempre a 40/42 graus. Maravilhoso. Chegámos a uma aldeia, pequena, de nome, Hernan Lopez, onde após descansar um pouco, num bar bebendo umas bjecas e amendoins, e jantar num restaurante de hotel, pernoitámos por baixo de um telheiro de um pavilhão desportivo local. Com um belo descanso noturno, pela manhã acordámos de novo, com o chilriar dos pássaros, e preparados para nova etapa, quase sempre em reta passando por aldeias e vilas com paisagens sempre espetaculares, caminhos romanos, pontes antigas, secos os rios que por baixo passavam. Noutro local, próximo de Mérida as luzes á noite não abundavam e aproveitei observar o céu limpo com a ajuda da aplicação que tenho no meu telefone, procurando as estrelas e os planetas que se avistavam ao vivo no escuro celeste. Prosseguindo sempre em direção á fronteira, Mérida se aproximou de nós. Antiga capital Lusitana do tempo dos romanos, Emerita Augusta, era o nome. Atravessámos a cidade em direção ao espaço milenar, onde situa o anfiteatro romano e a arena. Local que já conhecia. continuando e seguindo em frente com o Guadiana agora a nosso lado sempre com belas paisagens e agora quase a chegar a Badajoz, Chegámos atravessámos a bela cidade que também já conhecia, mas que é sempre agradável voltar. 18km nos separava de Campo Maior, A meio atravessámos a fronteira. E como senti orgulho ver a placa Portugal, e sentir que já estava tão longe de Madrid e mais perto do Seixal (Lourinhã), mais perto do fim. Campo Maior, que faz lembrar a festa das flores, engalanando as ruas da vila. Onde ficar? procurámos hotel mas estavam todos ocupados, mas outro nos indicaram, de nome interessante (Ponto Final), o qual tinha lugar, mas com dificuldades em guardar as bicicletas, mas lá se arranjou um lugar. Quarto sem grandes condições, tevisor antigo e ar condicionado sem comando, e casa de banho com remendos e tampo da sanita, preso com arames. E de manhã, a casa de banho inundada. A internet existia sim, mas a password? não estava em lugar nenhum, e o proprietário abandonou as instalações logo após nos ter alugado o quarto. Bem negativo o dia, logo a chegada ao nosso país. Bem, mas nem sempre tudo corre mal e é natural. Saímos de Campo Maior após um pequeno almoço em Portugal com uma bela doçaria e o café da manhã, e saímos após ter feito abastecimento de compras de novo. De seguida, diretos a Monforte para depois pernoitar na vila alentejana de Fronteira, pela nacional, uma grande reta nos surge em direção á mesma. Mas 6 km percorridos, a ponte sobranceira ao rio estava caída,(consta que desde as inundações do ultimo inverno), e sem hipotese de a atravessar tivemos de voltar de novo para trás e orientar nova rota pelo GPS, ficando assim de fora a passagem pela vila de Fronteira. Não perdemos tudo porque optamos por ficar numa vila em que nunca por lá tinha passado nem ouvido falar, de nome; Veiros. Enorme em área e interessante as pequenas ruas calcetadas e estreitas. Pernoitamos por ali para no dia seguinte seguir para a linda vila de Avis. Amuralhada e de nascença monarquica, proveniente daí o mestre de Avis que a nossa história tanto conta. Acampados num belo parque a beira da barragem do Maranhão com a fabulosa praia fluvial, mas como disse, acampados aí deslocamos á vila para assistir a feira medieval que por lá existia, naquele dia, com um também belo jantar tipico á epoca anterior secular. No outro dia, seguimos para o Fluviário de Mora onde também pernoitamos nesse local, seguindo depois para Coruche e finalizar no parque de campismo de Escarupim, á beira do tejo, tendo a sensação de ouvir os cantares das varias aves que por ali são o seu habitat natural. Sons diferentes e contagiantes de se fazer ouvir. Irei voltar a tal parque para explorar de outra forma. Entretanto chegou o ultimo dia . Partindo dali de Escarupim até ao final, e final desta aventura de 16 dias. Atravessei pela 1ª vez a ponte dona Amélia sobre o Tejo em direção ao Cartaxo, passando depois pela serra de Montejunto e Cadaval. Não quis deixar de passar pelo santuario do Bom Jesus do Carvalhal que ficava a caminho, Santuário onde se realiza o sírio da minha aldeia no dia de festa. 2 horas depois chegamos então ao final a porta de casa, na aldeia do Seixal, o qual apos contabilizados os km totalizaram 911km.


PORQUE PERGUNTARAM, O PORQUÊ... EM BICICLETA DE AUTONOMIA???
Porque se circula por locais menos populacionais e caminhos de terra batida, carreiros e trilhos. E porque as avarias podem ocorrer em qualquer local mais "desértico", levo equipamento para tal eventualidade como: câmaras de ar e pneu suplente, cabos de travão e de aperto. Abraçadeiras de plástico, arame, parafusos, porcas e anilhas. Desviadores e corrente assim como óleo para as mesmas e luvas proteção das mãos. Depois equipamento para o calor, frio e chuva com 3 peças de roupa adequada para todas as situações, assim como sacos de plástico de 100 kg para tapar os alforges e restante saco cama, e mini tenda para acampar quando necessário. Chinelos e sapatos tênis e toalha de rosto Decathlon que secam rapidamente. Creme solar 50 porque o sol é sempre forte muitas vezes 40 graus. Depois o também essencial GPS Garmin ou outro para efeito de seguir os caminhos e não perder, mas sempre com um smartphone com boa capacidade de bateria para que dure o dia inteiro, e com um outro carregador solar para assim se aproveitar o sol, mas também carrego com vários powerbank para a eventualidade de não se conseguir carregar os equipamentos.. Nestas duas semanas provei que 4 que trouxe, mais o solar foram suficientes para vários dias, já que o smartphone serve sempre para através do Wikiloc publicar em direto os locais onde estou, também por questão de segurança, ou seja algo que aconteça saberem todos os meus familiares amigos do grupo que tenho no Facebook onde estou. Não podem faltar a bolsa de primeiros socorros, com os medicamentos necessários para o dia a dia como em casa, para uma eventualidade de pequenos acidentes e não só. Pouco mais faltará aqui expor, mas o suficiente para proteção e segurança minha, para que circule com mais tranquilidade e prazer de fazer estas viagens que gosto e amo como esta que irei acabar terça feira e que iniciei em Madrid no dia 1 maio até minha casa, com um amigo que me acompanha. Serão quase 700 km ou mais até ao fim. Após esta minha informação imaginem o peso que trago comigo, mas o tempo espera sempre por mim, ou por nós, até ao ponto de chegada, sem importar a hora do fim desse dia.
JGJ
Pode ser uma imagem de mota de cross, mota, scooter e árvore
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